escrito por Genisson da Silva Matos
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Neste artigo, vamos detalhar as principais mudanças e como elas podem ser aplicadas em sistemas complexos, como aqueles usados no setor bancário, para ilustrar os ganhos práticos.
## 1. main() e Arquivos sem ClasseAté o Java 24, mesmo para executar uma linha simples de código era obrigatório declarar uma classe:
No Java 25, finalmente podemos criar arquivos sem classe, apenas com um main() de nível superior:
Por que isso é importante?
Exemplos práticos
Automação de auditoria Um script único pode carrega
Teste rápido de APIs
Ao validar integrações (ex.: APIs financeiras ou bancárias), podemos criar um “script Java” sem precisar montar toda a estrutura de microserviço:
Ensino de algoritmos
Fica mais simples escrever exemplos clássicos de estruturas de dados:
Comparação com outras linguagens
O pattern matching já vinha evoluindo no Java (com instanceof e switch). Agora, com o Java 25, essa funcionalidade também suporta tipos primitivos (int, long, double, etc.), eliminando a necessidade de casts manuais e tornando o código ainda mais direto.
Antes (Java 24 e anteriores)
Agora (Java 25)
Vantagens principais
Exemplos práticos
static double toDouble(Object valor) { return switch (valor) { case int i -> (double) i; case long l -> (double) l; case float f -> (double) f; case double d -> d; default -> throw new IllegalArgumentException("Não suportado: " + valor); }; }
//Útil para consolidar dados de diferentes fontes em um formato único.
Impacto em sistemas complexos
Mesmo em grandes aplicações (como sistemas bancários), onde os fluxos de dados são heterogêneos e vêm de diversas integrações (APIs externas, bases legadas, mensagens Kafka), essa feature:
Tradicionalmente, a concorrência no Java era baseada em threads, pools e futuros. Isso funcionava, mas trazia desafios:
Com o Java 25, o modelo de Structured Concurrency traz uma nova forma de organizar tarefas paralelas, baseada no conceito de escopos estruturados:
Antes (complexidade com Future)
Agora (Structured Concurrency)
Benefícios práticos
Exemplos práticos
1- Requisições paralelas a serviços externos Imagine que precisamos validar uma operação consultando 3 sistemas: saldo, crédito e histórico. Com structured concurrency, o código fica direto, com todas as requisições em paralelo e tratadas juntas.
2- Processamento de lote No processamento de grandes volumes de dados (ex.: lote de pagamentos ou reconciliação), podemos dividir a lista em partes e processar em paralelo:
try (var scope = StructuredTaskScope.<List>open()) { var parte1 = scope.fork(() -> processar(lote.subList(0, 1000))); var parte2 = scope.fork(() -> processar(lote.subList(1000, 2000)));
scope.join();
scope.throwIfFailed();
var consolidado = Stream.concat(parte1.get().stream(), parte2.get().stream()).toList();
}
Impacto em sistemas complexos
Em sistemas de alta criticidade (financeiros, telecom, e-commerce):
Quem já trabalhou com ThreadLocal sabe: é útil para guardar dados por thread (ex.: contexto de requisição), mas pode trazer problemas sérios:
O Java 25 traz o ScopedValues como substituto moderno e seguro. Ele permite associar dados imutáveis a um escopo de execução, de forma clara e eficiente.
Benefícios principais
Exemplos práticos
1- Rastreabilidade de requisições Em sistemas distribuídos, rastrear um request end-to-end é essencial. Com ScopedValues:
2 - Contexto de autenticação Em sistemas financeiros, cada operação precisa do contexto do usuário logado.
3- Integração com Structured Concurrency ScopedValues se integram naturalmente com Structured Concurrency. Todos os subtarefas criadas herdam o mesmo escopo:
Impacto em sistemas complexos
Muitas vezes, durante a execução de um fluxo, precisamos inicializar um valor apenas uma vez e reutilizá-lo em diferentes partes do código. Antes do Java 25, isso era feito com padrões como:
Essas soluções eram verbosas, propensas a erro e difíceis de manter em sistemas concorrentes.
O Java 25 traz o StableValues, um novo recurso que resolve esse problema de forma elegante: ele garante que um valor será computado apenas uma vez, armazenado de forma estável e reutilizado em todo o escopo.
Benefícios principais
Exemplos práticos
1- Token de autenticação Em sistemas que chamam APIs externas, o mesmo token pode ser reutilizado ao longo de uma requisição:
2- Configuração carregada sob demanda Carregar configurações do banco ou de um arquivo só quando realmente necessário:
3- Integração com ScopedValues StableValues pode ser usado junto com ScopedValues para valores que precisam ser únicos por escopo:
static final ScopedValue<StableValue> TOKEN_CTX = ScopedValue.newInstance();
void executarFluxo() { ScopedValue.where(TOKEN_CTX, StableValue.of()) .run(() -> { String token = TOKEN_CTX.get().orElseSet(AuthService::gerarToken); chamarServico(token); }); } /* Cada requisição terá seu próprio StableValue, mas inicializado apenas uma vez dentro do escopo */
Impacto em sistemas complexos
Segurança é um dos pilares de qualquer sistema moderno — ainda mais em setores críticos como o financeiro, onde certificados digitais, chaves assimétricas e criptografia são indispensáveis.
Até o Java 24, manipular chaves e certificados em formato PEM ou PKCS exigia:
O Java 25 traz suporte nativo para lidar com PEM-encoded keys e certificados. Isso torna a linguagem mais preparada para aplicações corporativas que dependem fortemente de criptografia.
Benefícios principais
Exemplos práticos
1- Carregando certificado PEM de servidor
2- Assinando mensagens com chave privada
3- Validando assinatura com chave pública
Impacto em sistemas complexos
Além dos grandes destaques já explorados, o Java 25 vem com várias melhorias incrementais que, somadas, tornam a linguagem mais poderosa e prática para aplicações de alta criticidade, como sistemas financeiros, telecom ou e-commerce.
JEP 482 — Flexible Constructor Bodies
Tradicionalmente, os construtores em Java tinham uma estrutura rígida:
No Java 25, os construtores ficam mais flexíveis, permitindo inicializações mais claras e expressivas.
Exemplo:
class Transacao { private final String id; private final BigDecimal valor;
public Transacao(String id, BigDecimal valor) {
if (valor.signum() <= 0) throw new IllegalArgumentException("Valor inválido");
this.id = id;
this.valor = valor;
}
}
/* Isso facilita validações antes da inicialização dos campos e reduz necessidade de duplicar lógica em métodos estáticos ou builders. */
JEP 508 — Vector API
A Vector API vem evoluindo desde versões anteriores, e no Java 25 está ainda mais madura. Ela permite escrever código Java que é compilado em instruções vetoriais (SIMD) do processador, aproveitando ao máximo o hardware.
Exemplo:
Isso é crítico em:
algoritmos de criptografia, cálculos financeiros em larga escala, machine learning e análise de dados.
JEP 509 — JFR (Java Flight Recorder) CPU-Time Profiling
O Java Flight Recorder (JFR) já era uma das melhores ferramentas de observabilidade nativas da JVM. Com o Java 25, ele ganha a capacidade de medir tempo de CPU consumido por métodos, threads e tarefas.
Isso ajuda a:
Exemplo prático: Em um sistema que processa milhares de liquidações por segundo, é possível descobrir se o gargalo está no cálculo de juros, na serialização JSON ou no acesso a banco.
JEPs de refinamento (Preview & Incubator)
Impacto combinado
O Java 25 mostra de forma clara a direção que a linguagem vem tomando: menos burocracia, mais expressividade e maior flexibilidade sem abrir mão da robustez que sempre a caracterizou. Por muito tempo, o Java foi visto como uma linguagem verbosa, “pesada” para tarefas simples, enquanto linguagens como Python e JavaScript dominavam os cenários de prototipagem, scripting e desenvolvimento ágil.
Com os novos recursos, o Java começa a quebrar essa barreira semântica:
Em outras palavras, o Java não está apenas copiando a simplicidade de linguagens dinâmicas, mas elevando o nível ao trazer essas facilidades para dentro de um ecossistema que já é conhecido por sua segurança, performance e maturidade.
Claro, linguagens como Python e JavaScript ainda mantêm vantagens em nichos específicos:
Mas o Java 25 mostra que, quando o assunto é back-end de missão crítica, ele está não só acompanhando, mas muitas vezes superando essas linguagens:
O Java 25 não é apenas uma atualização técnica. É uma declaração de propósito: continuar sendo a espinha dorsal dos sistemas críticos do mundo, ao mesmo tempo em que se reinventa para ser tão ágil e expressivo quanto as linguagens modernas que antes dominavam o espaço da flexibilidade.