escrito por ilegra
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Essa trajetória foi a discussão central do painel “Do core banking ao beyond banking: a evolução permanente dos bancos”, durante o Febraban Tech 2025, o maior evento de tecnologia e inovação financeira do país, ocorrido entre os dias 10 e 12 de junho, em São Paulo.
Caroline Capitani, VP de Estratégia e Inovação da ilegra, participou da conversa ao lado de Marcos Carvalho, Superintendente Nacional do Varejo no Norte e Nordeste da Caixa, Michele Vital, Diretor do Itaú Unibanco e Rodrigo Cordeiro, Diretor Vice-Presidente do Banco ABC Brasil.
O debate aprofundou-se no conceito de beyond banking e como as inovações tecnológicas estão moldando o futuro dos serviços financeiros e desafiando o modelo bancário convencional. Neste artigo, compartilhamos alguns insights importantes do painel.
O conceito de beyond banking representa a evolução do setor bancário em direção a um papel mais amplo na vida dos consumidores. É uma estratégia que permite aos bancos ampliar seu ecossistema de serviços, tornando-se um ponto de referência para as necessidades mais amplas dos clientes, aumentando a fidelização e a competitividade.
As organizações financeiras veem como uma forma de fidelizar, entender seus clientes e ampliar a entrega de valor para eles. E isso inclui conexão com ecossistemas digitais; oferta de serviços integrados via APIs e marketplaces; e experiências que vão além da gestão financeira.
Para Caroline Capitani, esse movimento é apenas o começo.
“Estamos diante de uma reestruturação do papel dos bancos na sociedade. Precisamos pensar em ‘banking as a journey’, com experiências contínuas, hiperpersonalizadas e sem fricção.” - destacou.
A hiperpersonalização em escala torna-se essencial nesse novo cenário, exigindo que os bancos combinem dados, tecnologia e design de experiência.
Marcos Carvalho, da Caixa, destacou a inteligência artificial como tecnologia estruturante da nova era bancária. O executivo citou a previsão da IBM que indica que, até 2028, a IA Generativa deve impulsionar a criação de mais de um bilhão de aplicativos nativos da nuvem.
Além disso, Carvalho afirma que a FOMO (Fear of Missing Out), o medo de ficar de fora das tendências, já chegou no setor bancário, o que reforça ainda mais a importância de levar o beyond banking para todas as frente do banco, inclusive às agências físicas, focando cada vez mais na experiência do cliente.
Michele Vital, do Itaú Unibanco, reforçou que a ideia de que o modelo de banco “para todo mundo” não funciona mais, os bancos precisam se adaptar a diferentes perfis de clientes, deixando para trás os modelos padronizados. A chave está nos dados, que guiam decisões mais acertadas — mas sem fórmulas prontas:
“Não existe receita de bolo. É preciso equilíbrio para personalizar com inteligência”, acredita.
Essa abordagem exige plataformas tecnológicas robustas e flexíveis, capazes de transformar dados em ações estratégicas.
O beyond banking coloca o cliente do centro, por isso, Rodrigo Cordeiro, do Banco ABC Brasil, destacou a importância de ouví-lo para criar produtos financeiros realmente relevantes. Segundo ele, a conveniência, a facilidade para o usuário e a qualidade do serviço são os diferenciais competitivos no ambiente digital:
“A tecnologia permite escalar com baixo custo e alta personalização, desde que se entenda o cliente como único”, ressaltou.
A jornada do core banking ao beyond banking não tem ponto final. É uma transformação contínua, que exige visão estratégica, adoção de novas tecnologias como IA e foco total na experiência do cliente.
O painel se destacou pela pluralidade de olhares sobre o futuro dos bancos, reunindo representantes de instituições com perfis e escopos de atuação distintos. A Caixa Econômica Federal, por exemplo, trouxe uma perspectiva marcada pela inclusão social e capilaridade, ao relatar como o beyond banking também se materializa em regiões remotas, como comunidades ribeirinhas da Amazônia, onde o acesso ao sistema financeiro tradicional ainda é limitado.
Já o Itaú Unibanco tem uma visão tecnológica mais madura, reflexo de um processo de transformação digital que já vem sendo desenvolvido há anos, permitindo escalar personalização e eficiência com base em dados. O Banco ABC Brasil, por sua vez, trouxe o olhar de um banco de atacado, voltado ao relacionamento com empresas e à entrega de valor no ambiente corporativo.
Complementando o debate, a ilegra contribuiu com sua visão consultiva e estratégica, baseada na vivência com múltiplos projetos de inovação no setor, reconhecendo os entraves internos e as oportunidades reais para que os bancos avancem em suas jornadas para além do tradicional.